quinta-feira, 9 de abril de 2009

GRAN TORINO - Os seres humanos voltaram a brilhar

Vamos ser sinceros: não sou fã xiita de cinema metido a culto.
Gosto da 7ª Arte para me divertir. Se vou me divertir vendo históricas malucas, se vou me divertir vendo fantasias, se vou me divertir vendo realidades, elfos ou mendigos, explosões estrelares ou saltos acrobáticos... isso é problema meu e dos meus dilemas pessoais (que não são poucos, mas não são dilemas "metidos a besta").
"- Não, obrigado. Van Damme já é demais..."
Bruñel com seu espetacular "Anjo Exterminador" me diverte (apesar de toda aquela piração, das mensagens embutidas e de tanta gente achar o ó do borogodó cult). Vannila Sky me fez chorar e entrar em crise existencial pensando nas nossas escolhas diárias. Senhor dos Anéis me deixa de queixo caído até hoje; Comando Delta (Chuck Norris, Sr!) foi um dos primeiros filmes que vi na vida, na época em que VHS era o maior luxo do bairro (e ainda vi do lado do meu pai, que detesta ver filmes geralmente...). Ichi... se começar a listar, vou enlouquecer.

Mas este remereme é pra dizer que no último fim de semana (com hifen ou sem?) eu me diverti vendo atores de verdade.
Fui ver GRAN TORINO, filme novo do Clint Eastwood.
Ele, um americanão daqueles bem típicos (que os filmes americanos preferem fingir que não existem...), racista e tradicionalista até a raiz dos (raros) cabelos; cercado por uma vizinhança estrangeira, um povo de origem asiática que fugiu dos seus países de origem após ajudar os EUA numa daquelas tantas guerras (e depois acabou sendo deixado ao deus dará). Eastwood rosna (de verdade!) quando lhe desagradam. Os "chinas" (é ele quem os chama assim, é ele!) cospem de raiva na mesma proporção do velho dono do bairro, num gesto de desaprovação mútua.
Bom, resenhas vocês encontram aos montes por aí, que eu não sou pago pra escrever lhes enviando ao cinema.
Quero mesmo é dizer que tive o prazer de voltar a ver GENTE DE VERDADE brilhando na tela. Sem efeitos especiais (que eu gosto, sim!), sem encenações em linguagem binária, sem loucuras escalafobéticas. Vi gente como a gente vivendo alegrias e tristezas. Acreditando que há recuperação. Doa a quem doer. Doa como doer.
Só estou escrevendo agora, uma semana depois, porque o filme é tão cru, tão simples e tão gigantesco que eu quis esperar mesmo uma semana para sentir se era só um filme como outro qualquer que nos leva aos risos e às lágrimas (sim, MUITAS lágrimas) ou se era um filme com um algo a mais para a posteridade. Esperei e percebi: 07 dias depois, eu sei que é um filme especial. Já ouvi alguem dizer que nenhum dos "oscarizados" passa perto dele. Não vi todos os que levaram ou concorreram às estatuetas, mas estou tendente a concordar com a afirmação.

Fiquei feliz: há salvação.

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