quinta-feira, 15 de julho de 2010

Salve o Pato!

"- Boa foto. Quanto tempo você gastou 'photoshopando' isto?"

"- Um cara não pode mais tirar uma foto incrível sem ser acusado de tratá-la?"

"- Não"

"- Três horas."


E salve o Pato! :)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Quintana na Terça


O que o Vento não Levou

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

(Mario Quintana - "Rua dos Cataventos e Outros Poemas", Porto Alegre : LPMPocket, 2009)

Luto: morre Paulo Moura


Há uns tempos eu comecei a me dar conta de que estavam falecendo grandes gênios que eu não tinha tido o prazer de ver pessoalmente, tocar, tirar uma foto, cantar, conversar, ver um show, uma palestra, ter uma aula... E que isso realmente passaria a ser constante - coisas da vida (com trocadilho).

Morreu ontem (Segunda, 12.07), um dos mestres da música brasileira: PAULO MOURA (http://www.paulomoura.com/index.php). E na hora que ouvi a notícia, parei de boca aberta. Ele se foi sem que eu tivesse a oportunidade de ouvi-lo pessoalmente a tocar.

Com Paulo Moura, em meio a melodias tantas vezes intrincadas, tantas vezes sutis, tantas vezes misteriosamente fáceis como uma cantiga de roda, eu aprendi que música brasileira não é sax (ainda que seja lindo), não é trompete... música brasileira é CLARINETA: doce, amadeirada, natural, brincalhona, com uma timidez assanhada, escondida por entre aquele corpo fininho de ébano africano.

Sim, ele acompanhou Elis Regina, Milton Nascimento, Tom Jobim... Mas músico instrumental, especialmente no Brasil, NÃO PODE ser reconhecido só por quem ele acompanhou: tem que ser lembrado PELO QUE ELE FEZ e, só aí, quem sabe, saberemos PORQUE ele acompanhou alguém mais popular, mais conhecido pelo público e pela grande mídia... Paulo Moura não é um acompanhante. É um instrumentista. Um mestre do sopro. E ponto. Tocava de tudo. Mas pra mim, Paulo Moura era O Clarinetista - assim, com iniciais em maiúscula, como um bom título na Broadway.

Respeitado mundialmente - e sejamos sinceros, também respeitadíssimo no Brasil - ganhou o Grammy em 2000. Na verdade, se alguém se pergunta o que seria um estilo "World Music" (tão comentado nos últimos tempos), pode começar a ouvir este mestre para saber o que é alguém tocar todos os sotaques do mundo. Sem jamais perder sua raíz natural.

Ouvi-lo tocar o Côco - gênero musical que embala as danças típicas do norte/nordeste do Brasil; ouvi-lo tocar bossa nova, CHORO! (esse último, de maneira especial), o tal do Samba de Latada, assim como ouvi-lo viajar pelo mais tradicional jazz norte-americano... é aí que descobrimos a razão de existir de um músico instrumentista: fazer a gente ouvir histórias, lamúrias, segredos, piadas e amores quando, no papel, só estão escritas linhas de partituras e claves. Ou seja: contar histórias sem dizer uma palavra sequer.

Salve, Paulo Moura! Vai animar a orquestra do céu, meu velho.