quinta-feira, 21 de outubro de 2010

NOSSAS MESAS-REDONDAS


Há umas semanas eu estava com um texto na ponta do lápis, louco para trazê-lo ao Visão Geral.

Vou aprendendo a cada dia: texto bom, idéia boa, frase interessante é aquela que está no papel (ainda que seja o virtual). Só na cabeça, elas vão evaporando...evaporando... até parecer sem graça, sem necessidade, frágeis, desnecessárias. Mesmo não sendo.

O mais engraçado é quando, depois de um tempo, você vê alguém falando, escrevendo, opinando no mesmo caminho daquilo que você refletia dias antes.

Bom, pelo menos o que eu pensava foi dito agora pelo Juca Kfouri, na coluna de hoje que o jornal capixaba "A Tribuna" vem trazendo com a assinatura dele (e que deve estar em outros sites e jornais, também). No texto "Ira Organizada", Juca comenta, falando de manifestações radicais, mobilizações tremendas feitas pelas torcidas organizadas:

"Não se vê tamanha indignação
ou mobilização diante
dos mensalões dos governantes
ou das mentiras dos candidatos...".

O que eu pensava dias atrás e queria retomar agora é:

Sentiria um enorme orgulho do meu país, da minha imprensa, de mim mesmo, se ao invés de uma dezena de programas futebolísticos espalhados pela TV nós tivessemos uma dezena de programas discutindo questões políticas – não apenas a política partidária, mas a política como arte primeira da sociedade, como expressão da interação social, comunitária, humana, do homem que se organiza em grupos.

Se tivessemos uma dezena de programas, com gente bonita e divertida, sim, comentando sobre música, teatro, fotografia; gente séria debatendo educação séria. De segunda a sexta. Às 8 da manhã; às 2 da tarde. À meia-noite.

Gente jovem dialogando em programas dominicais sobre pintores clássicos, artistas brasileiros de renome ou meros desconhecidos; viagem, cultura, aventura contextualizada...  lá pelas 6 da tarde do domingo, quando acabaram a maioria das partidas de futebol e a TV fica dominada ou pelas nefastas mesas-redondas futebo-clubísticas-chatíssimas-repetitivas ou por espetáculos de fofoca e degradação humana.

Isso existe. Às vezes. Em algum lugar. Mas eu não quero a exceção. Eu quero a REGRA.

Já pensou, durante o seu almoço diário, ao invés de assistir mais um replay da agressão entre jogadores, do jovem craque que xingou a torcida, dos desfiles de frases feitas e jargões desgastados, você pudesse assistir um programa tranquilo sobre História mundial, tentando entender porque certas coisas da nossa realidade são o que são hoje?

Já pensou comer ao som de uma boa musica ou de um bom papo sobre o desenvolvimento da política durante os séculos?

Queria ver dezenas de mesas-redondas comentando sobre coisas que realmente vão fazer a diferença nos destinos desse país. Queria as noites de domingo com uma porção de gente louca pra falar de algo que realmente pode nos fazer crescer.