terça-feira, 3 de maio de 2011

Sobre esperança, leitura, bancas de revista, arte, Coleção "Grandes Mestres"...



A duras penas, o Brasil começou a enxergar a leitura. Ainda é um passo tímido. Ainda tem um caminho a perder de vista pela frente. Mas hoje não é papo de alienígena quando alguém diz "- A nova livraria X está lindíssima, que ambiente gostoso de se frequentar" ou "- Passei horas dentro da livraria Z, olhando, escolhendo, folheando" e ainda "- A edição nova do autor Y é maravilhosa", "- Consegui uma edição rara de Fulano"...  As megastores também são responsáveis por isso. A facilidade de compra via net (e preços muitas vezes baixos, convidativos, até sem frete) é outro ponto. Mas não vejo nenhuma pasteurização. Em relação à leitura, tudo é válido.

Em tempo: me estranha o fato de Cachoeiro não ter ainda uma livraria de destaque, coisa fina – o que não significa coisa metida, esnobe. Na terra de Rubem Braga...?

Não é de hoje que comento com meus alunos de Direito: pra entender qualquer doutrina jurídica nacional atual; o autor mais introdutório de qualquer disciplina do nosso curso - tudo começa com você "sabendo ler" a Mônica, o Chico Bento, o Pato Donald; Batman, Tex, Calvin... e evoluindo naturalmente pra revistas de notícias, jornais, material de internet aprimorado (sem necessariamente abandonar a Mônica, o Batman... eu mesmo me orgulho do meu exemplar de "300" do Frank Miller na estante, assim como o meu "Senhor dos Anéis" de Tolkien, tudo ao lado de "1984" do Orwell e "Grande Sertão: Veredas", do Guimarães Rosa, sem distinção, sem medo, sem preconceito). O imaginário, a interpretação, a abstração de um mundo afobado e a imersão no universo literário é uma dinâmica que se aprende ali, nas páginas coloridas e sem maiores pretensões (será?) dos gibis e similares.

Imagina pensar e entender grandes pensadores, filósofos, história do Direito... Precisa ou não precisa de uma caminho bem trilhado?

Em tempo 2: devo isso ao meu pai e à minha mãe. Nunca me cansarei de falar. Qualquer coleção de revistas que eu quisesse, qualquer livro, poderia pedir. Lembro com carinho das Superinteressantes e do Mundo Animal. Valeu, "meninos".

Na alegria do (re)encontro diário com a literatura, da mais simples à mais aprimorada, caminhei hoje cedo a uma banca de revistas. E Cachoeiro tem cultivado algumas bancas bem sortidas, graças a Deus. A minha atual escolha é a que se parece com os pontos mais atuais do RJ ou SP: condicionador de ar, vidro na frente, muita variedade. Mas o melhor mesmo é o sorriso: um casal jovem e simpático é que me atende. Chego ali e sou atendido com sorrisos. Converso e pago sorrindo. E prometo voltar daí a algumas semanas.

Para os cachoeirenses, a banca é o ponto remodelado que há anos existe em frente ao antigo CineTeatro Broadway. Pecado mortal, admito: esqueci-me de lhes perguntar o nome. Dos donos e da banca. Mas não esqueci de fotografar.

Atualizado (04.05.2011-14:05): coisas bonitas... acabei de receber uma ligação. De quem? Do NEI e da esposa ELISANGELA, agradecendo a referência à sua Banca OTELLO, aí ao lado. Pronto: amizade fortalecida, novos sorrisos trocados e os respectivos nomes obtidos pra gente não se esquecer nunca mais. Nem dos donos; nem da banca. Valeu, Nei e Elisângela.

E hoje fui buscar minha edição bimestral da Digital Photographer e uma edição da Você S.A que tem uma matéria que me interessa. Dinheiro vai e conversa vem, meus olhos congelaram sobre uma capa bonita:

A Mona Lisa, de da Vinci, estampava uma embalagem bem cuidada, uma caixinha estilosa que guardava um material desconhecido. Estava plastificado. Não ia comprar, julguei serem pequenas reproduções dos quadros do gênio florentino e renascentista (já valia a pena, mas não era meu interesse – sinto cada vez mais necessidade de conhecer o homem e a obra, e não só a obra). A simpatia dos meus anfitriões de banca, em um gesto rápido, fez questão de abrir o material.

E eis o que tenho a dizer: acabei de descobrir uma tal Coleção "Grandes Mestres", da Editora Abril. Um primor de série da consagrada editora brasileira, reunindo 25 dos maiores nomes da pintura mundial: da Vinci, Van Gogh, Monet, Michelangelo, Picasso, Dali, Rembrandt, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Botticelli, Degas, Velazqués, Renoir, Goya, Cezzane, Manet, Modigliani, Kandinsky, Bosch, Matisse, Delacroix, Caravaggio, Rafael, Giotto, Rubens. Senti falta, de verdade, de Veermer (Editora Abril! Vale uma edição especial, por favor?)


Em tempo 3: a própria moça da banca disse que a Ed.Abril dessa vez não mandou encartes, publicidade sobre a Coleção. Muito estranho - o material merece isso e muito mais. E só pra não perder a oportunidade: "-Ed.Abril, não sai uma edição especial do VEERMER, não?")

A edição nº01 mostra o que será a tônica dos fascículos: um pouco da biografia do artista e muitas, mas muitas reproduções de obras consagradas com um histórico sobre cada trabalho destacado. Encadernação ótima. Impressão excelente, com papel correto para um trabalho desse naipe.

Em uma primeira folheada, destaques para "Retrato de Músico", cujo original vi em uma recente exposição nos Museus Capitolinos, em Roma, e "A Dama com Arminho", que tem rendido ótimos estudos de luz e fotografia com o Renato Rocha Miranda (aqui e aqui), fotógrafo da Globo e criador do blog  I LOVE MY JOB  (imagens a seguir, respectivamente). Não, a Mona Lisa não conta – é hors concours. E eu pude vê-la lá também, no Louvre, cheia de mistério; e segurança:





Estou ansioso, agora, pelo Vol.03 de Monet, 04 de Michelangelo, 07 de Rembrandt, 13 de Renoir , 21 de Delacroix, 22 de Caravaggio e 23 de Rafael.

E sempre pensando que ainda temos salvação; sempre caminhando e olhando para o quê as belas histórias do Brasil e do mundo podem nos ensinar; sempre indo ao meu point especial, a banquinha que transcedeu os tempos na cabeça da ponte; que soube se reinventar com sorrisos e bom clima.

Sempre alerta.

Monet: "Nenufares"

Michelangelo: "Pieta"

Rembrandt: "Lição de Anatomia"


Renoir: "Le Moulin de La Gallete"



Delacroix: "A Liberdade Conduzindo o Povo"


Caravaggio: "Deposição de Cristo"



Rafael: "Escola de Atenas"